O Spielberg dos adolescentes

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2009 foi um ano de muitas perdas.

Vimos desaparecer vários ícones dos anos 80, como Michael Jackson, o brasileiro Herbert Richers e o diretor americano John Hughes.

É sobre este último que quero falar hoje.

John Hughes foi o diretor de cinema que conseguiu, como ninguém, captar a alma dos anos 80.
E mais que isso, captar a alma dos jovens.

Por causa disso era conhecido pela alcunha de “Steven Spielberg dos filmes adolescentes”. Adolescentes - que fique claro - pelos personagens retratados, já que as histórias sempre foram bem assimiladas por qualquer geração.

Ah, e não devemos esquecer também a inegável contribuição do John Hughes para a divulgação da música pop de qualidade nos anos 80, refletidas nas excelentes trilhas sonoras de seus filmes. Enfim, Hughes deixou sua marca na história do cinema por ter dirigido clássicos como os listados a seguir:

- Gatinhas e gatões (Sixteen Candles, 1984), sua estreia no cinema. Interessante notar que vários atores desse filme se tornariam famosos nos anos seguintes, entre eles o John Cusack (vide 2012).

- O Clube dos cinco (The Breakfast Club, 1985). A trilha sonora desse filme trazia (Don’t You) Forget About Me, responsável pelo estouro mundial do grupo britânico Simple Minds. Azar de Bryan Ferry, que tinha se recusado a gravar essa música. Ele simplesmente perdeu a chance de atingir o primeiro lugar entre os singles nos EUA.
- Mulher nota 1000 (Weird science, 1985). Só pra constar, essa mulher era nada mais nada menos que a Kelly Lebrock, de A Dama de Vermelho (The Woman In Red, 1984). Esses dois filmes foram suficientes para transformar a Kelly no grande sex symbol dos anos 80.
- Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller's day off, 1986). Este, o filme dos anos 80 por excelência. E se você ainda não o assistiu é porque provavelmente voce é um monge budista eremita isolado do mundo desde 1986.
Na trilha sonora, três petardos decibélicos, destacando cenas marcantes no filme: O duo suíço Yello e aquela música do refrão maluco “bom, bom!”, Oh! Yeah.



A inesquecível e histórica cena com Matthew Broderick resgatando Twist and Shout, dos Beatles - e provocando a volta da música às paradas de sucesso.

E o filme ainda nos premiou com a maluquice do John Cryer dublando Try a Little Tenderness, do Otis Redding. Impagável.
- A Garota de rosa shocking (Pretty in Pink, 1986). Acrescentei aqui este filme que não foi dirigido por John Hughes, e sim produzido, o que não faz a menor diferença, já que dá para perceber sua influência de ponta a ponta. Sem dúvida, o filme é a "cara" do John Hughes. E como se isso não bastasse a trilha sonora do filme é maravilhosa.

A começar pela faixa com o excelente grupo britânico Psychedelic Furs, do vocalista Richard Butler, cuja voz lembra a de David Bowie. O OMD contribui com a bela balada tecnopop If You Leave. Outra que chama a atenção é a introspectiva Left of Center, que traz Suzanne Vega nos vocais e teclados do genial Joe Jackson. E não fica só nisso. A trilha inclue também Bring On The Dancing Horses, clássico do Echo & The Bunnymen, e a lindona Please Please Please Let Me Get What I Want. Vale a pena ver o filme e ouvir o disco.
- Antes só do que mal acompanhado (Planes, trains & automobiles, 1987). Essa comédia é uma pérola, com os impagáveis Steve Martin e John Candy. É da trilha desse filme uma das minhas 437 músicas de cabeceira: Every time you go away com Paul Young.


- Ela vai ter um bebê (She´s Having a Baby, 1987). Um dos meus favoritos.

Surpreendentemente, o filme faz uma crítica mordaz ao american way of life. De um modo geral, o Hughes mostrou aqui, com ousadia e sutileza, a imbecilidade e a mesmice da classe média americana. Já tô pensando em assistir de novo...
- Quem Vê Cara Não Vê Coração (Uncle Buck, 1989), com John Candy. Ótima para a Sessão da Tarde.

O diretor John Hughes nasceu em 18 de fevereiro de 1950, no Estado de Michigan (EUA). E morreu vítima de um ataque cardíaco em 6 de agosto de 2009. O cara tinha apenas 59 anos.

O último longa-metragem dirigido por ele foi Curly Sue - A Malandrinha (Curly Sue, 1991), mas ele também produziu alguns clássicos da comédia dos anos 90, como Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990), Dennis – O Pimentinha (Dennis the Menace, 1993) e 101 Dálmatas (101 Dalmatians, 1996).

1 comentários:

Unknown disse...

Sem dúvida nenhuma, Curtindo a vida adoidado é excepcional. Já assisti trocentas vezes e confesso que assistiria outras tantas vezes.
Esse filme inspirou a criação de centenas de outros filmes teens, porém, nenhum é tão delicioso de ver quanto este. pelo menos pra mim.